O jornalismo está vivendo um momento ímpar em sua existência. Toda aquela era digital em que se discutia o papel da imprensa finalmente está entre nós. O jornalismo já passou, ainda passa e irá passar por muitas modificações e impactos imputados pelo frenético mundo digital e suas novas formas de consumir conteúdo. Para muitos pesquisadores e profissionais da comunicação, o jornalismo, em si, nunca sofreu qualquer ameaça quanto à sua importância para com a sociedade. Para outros, tal profissão iria desaparecer porque com a era 2.0 o mundo todo começaria a produzir informação por conta própria e não mais haveria a necessidade de se manter redações ou profissionais altamente qualificados.
Porém, como é passível de observação, o jornalismo não acabou e não acabará. Sua função para com uma civilização moderna é tão essencial quanto comida ou água. Talvez essa seja uma afirmação que desagrade a muitos, mas não é de hoje que se pesquisa o homem como um ser informívoro, ávido por informação, necessitando dela tanto quanto de outras fontes de energia para o corpo humano.
Por outro lado, a farta oferta de conteúdo distribuído na rede tem deixado muito segmentos atônitos quanto ao que fazer com tanta informação. Primeiramente deve-se deixar bem claro que o número de pessoas que realmente produz na web é baixíssimo, pois a maioria dos usuários apenas replica informações geradas por outros. Outra coisa importante que deve ser destacada é quanto à qualidade do que é produzido, pois sabemos que há muita inutilidade e futilidade sendo compartilhada na rede.
Filtro de conteúdo
Entretanto, mesmo separando o conteúdo sem qualidade do conteúdo verdadeiramente jornalístico, ainda temos uma grande gama de notícias, links, fotos, áudios, vídeos e reportagens sendo disseminados o tempo todo pelos usuários da chamada web 2.0 através das redes sociais. Quem, então, conseguirá agregar e filtrar tanto conteúdo?
É exatamente nessa hora que entram os blogs. Diversos especialistas do ramo digital e jornalístico estão apontando essa mídia como uma potencial ferramenta agregadora de informação de qualidade. Seus gerenciadores seriam capazes de direcionar o público para fontes e informações realmente relevantes, já que nem todos os usuários acessam, necessariamente, a página de um veículo jornalístico. Os blogs trabalhariam, então, como verdadeiros filtros de conteúdo, cada qual com seu ramo específico de atuação, atuando, muitas vezes, como portais que selecionariam as informações relevantes e com uma linguagem mais apropriada para com os usuários, já que tais ferramentais são, em grande parte, gerenciadas por usuários comuns e não por redações com características mais “empresariais”.
Se na era 2.0 a máxima é “você é o que você compartilha”, não há nada mais apropriado do que uma mídia controlada por usuários produtores de informação para filtrar o conteúdo que muitas vezes é gerado pelos próprios internautas. Quem apostou no fim precoce dos blogs errou. Quem está apostando no fim dos blogs frente aos avanços das redes sociais possivelmente também irá errar. Os blogs, mais do que nunca, estão demonstrando, de uma maneira totalmente 2.0 de compartilhamento, pois vieram para ficar.
Palpites e previsões
Grande parte do que se discute nas mídias sociais é oriundo das mídias tradicionais. Mas também é verdade que alguns blogs estão até mesmo pautando a imprensa comum devido à qualidade que estão apresentando. Outros, no entanto, estão se demonstrando tão eficientes na organização desse conteúdo descontrolado que entra na web que estão sendo alvos de contratações e aquisições por grandes portais.
Com isso, cuidado quando forem, mais uma vez, exterminar o jornalismo e aniquilar os blogs. A aquisição de blogs (ou blogueiros) demonstra que muitos portais querem se tornar referência no jornalismo online e estão apostando nos blogs para isso. Isso se chama jornalismo 2.0 aliado com ferramentas 2.0.
Texto no Observatório da Imprensa.