A ideia de um jornalismo empreendedor tem ganho contornos cada vez mais densos. Porém o termo “empreendedor” ainda precisa ser discutido mais a fundo. Seria apenas o lançamento de mais um novo periódico impresso na praça? Uma revista segmentada para empresas? Uma página online de fofocas? Não, nada disso. O jornalismo empreendedor que tem ganho tais contornos vai muito além desses periféricos.

Escolha um nicho e invista em uma plataforma. É isso. Misture jornalismo, marketing, monitoramento, dados brutos e mais o que der na cabeça. Aplicativo, mobiletablet, PC, som, vídeo, podcast, infográficos, gráficos, cores, público. Todos esses termos cabem ao jornalismo empreendedor. Todos esses termos – e tantos outros – cabem na cabeça de jovens e velhos jornalistas que estão dispostos a reinventar certos posicionamentos do funcionamento “tradicional” da mídia.

É o jornalismo que oferece conteúdo e consultoria. É o jornalismo que propõe novas formas de enxergamos o relacionamento entre notícia e aplicativos. É o jornalismo que estuda e investe em design e experiência do usuário. É o jornalismo que usa uma de suas formas mais tradicionais de funcionamento – o papel – e reinventa o modo como chega até seu alvo: tem financiamento público direto por parte daqueles leitores que querem fugir dos tradicionais impressos.

O jornalismo precisa de novas ideias – e os jornalistas precisam tirá-las do papel. Uma ideia no papel não vale nada. Uma ideia aplicada pode render um novo conceito de mídia. É o jornalismo com base em assinaturas que investe pesado em qualidade e entrega apenas grandes reportagens. Sim, leitores estão dispostos a pagar para que jornalistas independentes produzam matérias de altíssima qualidade. São startups de jornalismo. São células embrionárias de um movimento que, apesar de não ser novo, clama por mentes inquietas dispostas a oferecer mais, melhor e, acima de tudo, oferecer o novo, o inusitado.

Novo conceito de mídia

Pode ser um pequeno empreendimento ou um novo Facebook. Não é possível saber até que o público avalie. Uma boa ideia só é realmente boa quando é trabalhada de forma séria e, principalmente, julgada pelo seu público. Se a ideia for aceita, ótimo, melhore-a. Se não foi, revise-a ou troque-a. O que não pode acontecer é termos ideias engavetadas, sucateadas ou mal utilizadas. Coloque-as em campo.

Com a popularização do fenômeno internet, o consumidor de notícias e conteúdo passou a questionar os grandes conglomerados de comunicação. Querem participação, querem colaborar, querem ver o outro lado da moeda, querem novas formas de se consumir informações e, acima de tudo, querem um jornalismo ainda mais dinâmico, certeiro, denso, inovador.

Inovação. Essa é a palavra do jornalismo daqui pra frente. Qualidade, ética e valores são imutáveis. Apimente esse trio com uma boa dose de inovação e, pronto. Tema de um novo conceito de mídia. Quem sabe, não é mesmo? Começa agora.

Texto no Observatório da Imprensa.