A história depois do papel pode ser caracterizada, atualmente, como uma história audiovisual ou até mesmo como uma história digital. Nunca antes recursos audiovisuais e sonoros estiveram tão presentes e de forma tão abrangente na documentação de fatos determinantes da sociedade. As novas tecnologias permitem que o profissional de comunicação tenha uma infinidade de opções e recursos para trabalhar em suas atividades, seja como pesquisador, docente ou no mercado.
O ano de 2010 bateu o recorde de visualizações de vídeos online e a maior rede social do planeta, o Facebook, já se consagrou como o maior depósito de fotos do planeta. O novo comunicador precisa seguir os passos largos em que a humanidade está inserida caso queira se alinhar com essas novas ferramentas e conseguir tirar delas o máximo proveito. Aliás, todo comunicador que se preze deve usar tais ferramentas com o intuito de conseguir as maneiras mais eficientes de se comunicar com o seu público (acionistas, alunos, sociedade ou professores).
Nosso mundo atual está imerso em filmes, vídeos e documentários acerca dos mais variados temas. Então por que não utilizar tais recursos também em sala de aula e inserir os estudantes em um universo mágico, compilando a sociedade com os recursos midiáticos em que a maioria desses alunos já está acostumada a lidar? Seria patético registrar os recursos humanos apenas de maneiras antigas. O mundo atual caminha para o digital e, sem sombra de dúvida, o ensino de jornalismo deve não só apontar esse rumo como foco para o mercado, mas deve primar para também possuir esse foco.
Fatores positivos
A possibilidade de resgatar áudios, documentos e vídeos de um grande fato político, por exemplo, possibilita o profissional de comunicação oferecer a seus alunos – ou público, no caso de pesquisadores – amplas visões de um mesmo assunto. Além de uma comunicação mais moderna, dinâmica e atual, a utilização das novas tecnologias no dia-a-dia dá ao docente de jornalismo o acesso irrestrito a lugares, épocas remotas e sociedades extintas nunca antes imaginadas, como museus visualizados com a tecnologia de mapeamento Street View, do Google, a vivência em situações reproduzidas em 3D ou a imersão em mundos paralelos resgatados com a tecnologia digital.
Apesar de ser um pouco crítico quanto ao destino de todos os registros humanos (com o digital, basta a falta de energia para não termos acesso ao conteúdo) as chances que as novas tecnologias trazem são, no momento, ímpares. Imputar reações e imaginações no público consumidor de informação a respeito do jornalismo é apenas um dos fatores positivos que o digital causará nas futuras gerações de profissionais de comunicação.
Novos modelos de mercado
Assim como esse mercado discute a cada dia mais como se adaptar aos novos modelos de mídia, a academia deve reformular suas tradicionais maneiras de se ensinar jornalismo. Devemos esquecer a grade curricular onde apenas uma ou duas disciplinas eram imersas no digital (geralmente jornalismo online e produções em estúdio) e estruturar meios para que todos os professores, da antropologia à filosofia, da editoração à fotografia, usem as ferramentais digitais como mecanismos auxiliares para com o dia-a-dia do ensino de jornalismo.
Não há nada melhor do que preparar os futuros profissionais de comunicação para um cenário digital do que usando os próprios recursos que o digital oferece. Quanto mais cedo for a imersão do ensino de jornalismo no mundo digital, mais fácil será a adaptação desses recém-jornalistas aos novos modelos de mercado de mídia para os quais a comunicação caminha.
Texto no Observatório da Imprensa.