A comunicação tem se reinventado a cada dia. A publicidade, por exemplo, tem a missão de propor desafios, surpresas e diferenciações para com o consumidor final. Ninguém quer mais consumir publicidade como antes; queremos envolvimento, participação e exclusividade. O mesmo pode se dizer do marketing e todos os seus adjetivos modernos: relacionamento, pessoal, digital, verde e tantas outras nomenclaturas que ainda estão se adaptando às novas eras impostas pela internet e a web 2.0.  

O consumidor de produtos e serviços mudou, não só se tratando do consumo final, mas em relação a todas as suas estratégias de abordagem, reflexões, fabricações, interações e adesões a princípios éticos que foram transformando significativamente a comunicação como um todo, principalmente no que tange ao universo da informação.  

Tais mudanças estão sendo sentidas de forma mais exposta (exibicionista) no jornalismo. Ninguém sabe ao certo como será o futuro dessa profissão, nem mesmo como será a geração de receita com essa intensa entrada da web e dos chamados jornalistas colaboradores (a sociedade participativa) nas redações. Porém, é certo que o jornalismo digital veio para ficar. Isso é fato. E uma das grandes saídas para minimizar as crises que os impressos tradicionais estão enfrentando na migração definitiva para o digital é investindo exatamente onde possui maior taxa de rejeição: nos jovens.  

As tecnologias “desafiantes”

O jornalismo tem como público uma camada maciçamente mais velha, homogênea e com renda acima da média. Com recordes cada vez maiores na queda de vendas e uma fuga cada vez mais constante dos anunciantes para a internet, a imprensa como um todo, mais precisamente os impressos jornais e revistas, estão apostando pesadamente nos tablets portáteis, como o iPad, da Apple.  

Segundo Rupert Murdoch, um dos maiores magnatas da mídia mundial, os jovens passarão a ler mais devido às adaptações que esses meios permitem aos seus hábitos e costumes. Se o jornalismo falar a linguagem das novas gerações e, principalmente, se falar essa linguagem através dos meios a que esses jovens estão acostumados, é um ponto positivo para o jornalismo digital.  

O novo jornalismo foca nas massas adolescentes porque sabe que o tradicional público já está saturado e dificilmente adere às novas tecnologias “desafiantes”, como a internet, além do fato de que a imprensa caminha para esse novo formato comum de mídia (o digital), e sabe que os jovens serão parte fundamental desse ciclo.  

O público velho e prosaico  

Muito se tem questionado sobre o fim dos jornais e dos livros. O pensador Nicholas Negroponte apontou que em cinco anos não mais existirão obras sendo publicadas. Talvez uma previsão assertiva, já que é cada vez mais crescente o número de buscas e compras por edições digitais de livros. E quem tem feito esse consumo de informação são exatamente os mais jovens.  

Mais uma vez, reafirmo: o jornalismo é a base estrutural e conceitual de toda sociedade democrática em um Estado de Direito concreto. Jamais o jornalismo irá ser extinto. O que desaparecerá são os velhos costumeiros jeitos de se consumir notícia, assim como o seu tradicional e saturado público, que nunca se renova.  

No jornalismo digital, o que menos se procura é um público fiel. Os novos formatos de mídia e imprensa procuram diferentes públicos, linguagens e meios customizados para se comunicarem. Um tablet como o iPad é um ótimo começo para se dar o primeiro passo – não um caminho único e definitivo a ser trilhado.  

Nesses novos rumos, quem mais teme os balanços do jornalismo é seu público velho e prosaico. Se muitos são contra o próprio uso da internet, o que dirão de jornais lidos em leitores digitais portáteis. Tais públicos não temem que o jornalismo desapareça; eles temem que não tenham mais para quem reclamar seus conservadorismos.  

Texto no Observatório da Imprensa.

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