A importância das redes e mídias sociais digitais para os jornalistas vai além da busca por pautas e informações sobre determinados assuntos. Assim como para o jornalismo de um modo geral, as mídias sociais têm como característica marcante o poder de conexão aliado ao compartilhamento em massa de textos, links, fotos, vídeos e podcasts. Todos produzidos pelo próprio jornalista.
O que isso significa na prática? É possível tirar proveito dessa capacidade de se conectar a dezenas de milhares de pessoas via redes sociais, assim como pode ser igualmente positivo para o jornalista ter essa facilidade de espalhar seu conteúdo e suas opiniões na rede. Nesse ponto, a única ressalva a ser feita é a de que o profissional tenha bom senso, pois quem trabalha com conteúdo e tem certa visibilidade pública precisa redobrar a atenção com o que julga serem “posições pessoais”.
Com as redes sociais o jornalista consegue construir sua própria reputação independentemente de estar ou não ligado a um grande veículo de comunicação. A “marca” do jornalista, com as mídias sociais, nunca foi tão importante, delicada e, principalmente, necessária. É importante, pois reforça a posição do profissional no mercado, é delicada, pois deslizes tolos podem comprometê-lo, e é necessária, pois mais do que nunca os leitores têm procurado por “marcas” dos jornalistas e não necessariamente por um ou outro jornal específico.
Um eterno ambiente profissional
Na prática, a ideia que deve nortear o profissional é a estrutura do marketing pessoal: não é preciso maquiar nem camuflar seus ideais e suas convicções, mas é preciso ter em mente que em um mundo altamente conectado e público como o nosso é fundamental que setores como o da imprensa sejam construídos por profissionais renomados, com bagagem cultural e que, acima de tudo, saibam consolidar suas próprias audiências, pois isso será benéfico tanto para o jornalista como para o veículo.
Essa consolidação da audiência é possível através da produção massiva de conteúdo, jornalístico ou não, para a rede. Um profissional de jornalismo que mantém canais digitais abertos ao público é um profissional mais apto a ganhar mais estrutura e corrigir seus erros quando apontados por seus “leitores particulares”. A produção de artigos para sites e blogs (assim como manter um blog próprio), a criação de videocasts e podcasts pode incluir o profissional em determinados setores, fazendo com que seu nome ganhe mais escopo e sua carreia, novos contornos.
O profissional que se recusa a estar nesses meios é um profissional que corre o risco de ficar eternamente no anonimato ou, no mais, ganhar esquecimento. Grandes nomes da imprensa consolidaram suas reputações nos maiores veículos do país, mas quando esses mesmos nomes se inserem nas redes sociais e demonstram um lado mais “humano”, menos “intelectual de jornal”, o público quase sempre responde positivamente. E isso funciona para profissionais que não tiveram a chance de serem inseridos em grandes jornais, pois a massiva visibilidade que esses canais oferecem possibilita que até mesmo os profissionais mais anônimos ganhem credibilidade e construam seus públicos.
Apesar do caráter essencialmente de entretenimento que os brasileiros dão às redes sociais, é importante salientar que muitos pilares da sociedade não podem se dar ao luxo de transformarem esses ambientes em locais de constante festividade. No caso dos jornalistas, sim, o local também é de entretenimento, mas deve ser levado essencialmente como um eterno ambiente profissional, pois jornalistas são jornalistas dentro e fora das redes, 24 horas por dia.
Texto no Observatório da Imprensa.