Dá pra dizer que as chamadas deep fakes emprestam o “deep ” da deep web e “fake“ das fake news, não necessariamente pela tradução da terminologia (deep fakes, profundo e falso, respectivamente), mas mais para o conceito.
Deep fakes consistem no uso de inteligência artificial para o mapeamento de rostos humanos para projetá-los com o uso de algoritmos sofisticados de manipulação. O resultado é que uma pessoa absolutamente desconhecida pode gravar um vídeo “na ponta” e ter como projeção, com direito a voz e imagem, Barack Obama, Trump, Dalai Lama ou até mesmo o Papa cantando samba, por exemplo. O resultado é tão surpreendentemente fiel que daí o nome deep fake, ou uma “falsificação realmente enganadora e profunda”.
Tá aqui um exemplo:
Acontece que tais recursos circulavam de forma limitada. Apesar de impressionarem, o acesso não era fácil e exigia certa habilidade técnica. Exigia, pois agora é possível utilizar o mecanismo com alguns cliques em aplicativos para smartphone, conforme relata o colunista de tecnologia do Washington Post, Geoffrey Fowler.
Fowler lembra que o Reface em 2020 permitia que você mapeasse seu rosto e o realocasse em uma celebridade na performática de um clipe. Agora, aplicativos para iPhone como Avatarify ou Wombo, disponível para iOS e Android, permitem que sem conhecimento técnico algum você seja capaz de criar qualquer tipo de deep fake. As empresas alegam que é para puro entretenimento, mas quem garante?
A página MyHeritage também permite que a partir de uma única foto você seja capaz de criar vídeos em que a pessoa, já falecida, fale, cante e gesticule com um impressionismo super bacana.
Ainda que muitos digam que é possível identificar o fake do não fake, é fato que a sofisticação e a abertura de acesso desse tipo de recurso traz questões problemáticas. Quem controla ou limita tal uso se o fim não é o do puro entretenimento? Aliás, o que é entretenimento para um pode não ser para o outro.
Vale muito a pena conferir toda a reportagem. Abaixo, segue o vídeo que o colunista fez usando os aplicativos mencionados.
Aqui, um vídeo mais aprofundado sobre como foi feita a deep fake com Obama: