Inteligência artificial e aprendizado de máquina estão tornando-se cada vez mais “humanos”. Mas estariam os humanos tornando-se cada vez mais “máquinas”? Por detrás dos poderosos recursos de IA e algoritmos há uma massa de trabalhadores fantasmas, seres invisíveis que fazem toda a engrenagem rodar.
A provocação é feita por Jane Wakefield, na BBC. O texto cutuca o nosso fascínio pela máquina e nosso esquecimento pelo humano por detrás, em grande parte resumido a uma massa alocada em condições não tão bacanas como imaginamos ser o Vale do Silício. Aliás, muitos deles nem sequer estão nos Estados Unidos, mas sim em países de terceiro mundo trocando horas de intenso trabalho por uma quantia não tão justa de dólares (em alguns casos menos de 2 dólares).
Esses trabalhadores invisíveis atuam desde a moderação de conteúdo em redes sociais até na rotulação de dados (e bancos de dados rotulados de forma incorreta podem acarretar sérios problemas). Passam por YouTube, Facebook, Twitter e gigantes como a Amazon ASW (serviço de nuvem da Amazon).
Ainda, ao alocar uma determinada tarefa a um grupo de trabalhadores (invisíves, vale ressaltar) situados em um país com regras diferentes daquelas que regem sua economia (digital, sobretudo), diversos empecilhos pode surgir.
Como exemplo temos os vídeos com conteúdo LGBTQ banidos do YouTube. Víes algorítimo? Nesse caso, segundo pesquisa de Saiph Savage, diretora do Laboratório de Interação Homem-Computador, da West Virginia University, o conteúdo estava sendo banido propositalmente por um grupo de trabalhadores invisíveis, o que moldava e realimentava os algortimos. Como no país em que tais trabalhadores estavam alocados o tema era censurado eles não pensavam em duas vezes em banir o assunto.
O texto é interessantímo para pensarmos fora da caixa. Vale a pena conferí-lo.