Dizem por aí que uma das principais coisas que deixam angustiado um jornalista moderno é uma página em branco do Word. Uma página bem branca daquelas que não se vê em propaganda de amaciante. Aliás, uma página em branco com um prazo quase escasso. Aliás, – novamente – eu diria que é uma página em branco, com prazo apertado e milhões de ideias fervilhantes que não lhe deixam em paz. Ideias que não são passadas para o papel e nem compartilhadas. Ideias que morrem empoeiradas, pois não se soube dar a elas seu verdadeiro peso significativo dentro do universo humano.
Dizem por aí que um dos vírus mais virais (aqui cabe uma pseudo-redundância) é uma ideia. Uma vez implanta na mente de uma pessoa, ela germinará e jamais – sim, jamais – será retirada. A não ser, é claro, com outra ideia ainda melhor. Nesse caso ideias derrubam ideias. Ideias adubam ideias. Ideias geram mais ideias que multiplicam e maximizam ideias. Uma ideia é o único produto que, quando divido, se multiplica.
Dizem por aí que redes sociais são redes de pessoas online, sites especializados em aglomerar e juntar diversos contatos com base em costumes, culturas e posicionamentos políticos semelhantes. Alguns vão além e afirmam que redes sociais são canais sociais puramente digitais e extremamente recentes. Outros dizem que redes sociais existem desde os primórdios do homem. Outros, ainda, vão dizer que isso não passa de clichê, mesmo sabendo que o maior clichê de todos é dizer que algo é um clichê.
Dizem por aí que o comportamento humano tem mudado drasticamente com o advento da internet. Especialistas nos hábitos do macaco racional enxergam novos patamares e civilizações. A internet seria, de fato, a maior válvula de escape da face da Terra. O homem cria e molda sua criatura. A sua criatura é moldada pelo homem e recria seu significado remodelando os pensamentos do homem e fazendo com que ele acredite que quebra paradigmas, hábitos e costumes.
Dizem que uma sociedade moderna é construída pura e unicamente pelos meios digitais. Certos posicionamentos vão além e reafirmam que a humanidade como um todo caminha em direção à digitalização total e absoluta. Nossos hábitos e costumes atuais seriam substituídos por meras mensagens binárias com ícones sonos e gráficos que usufruem de todas as dimensões disponíveis e imagináveis.
Dizem por aí que a internet é feita de pessoas. Eu digo que as pessoas são feitas de pessoas. A importância de tecer redes sociais verdadeiras e esquecer que um dia existiu uma lacuna entre o online e o off-line faz com que muitas pessoas questionem, de fato, o que são redes sociais, mesmo tendo total e ampla consciência de que redes sociais são emaranhados de conexões neurais, táteis e mentais que transcendem códigos compostos por 0 e 1.
Dizem por aí que eventos sobre mídias sociais digitais conectadas em redes estão ultrapassados. E estão certos. Cobrar para assistir micro explanações sobre aquilo que você quer ouvir – e não sobre aquilo que você deveria aprender – iguala-se aos modelos medievais de troca com base em uma suposta necessidade: um saco de açúcar vale 23 sacas com laranjas. Não, não vale. Não se paga ideias a não ser com outras ideias.
Dizem por aí que quando você se compromete demais com algo acaba não enxergando seus reais defeitos. Porém quando você se compromete a compartilhar e trocar ideias, o erro torna-se uma variável nula, inexistente, já que não existem ideias erradas, mas sim desconexas, mal trabalhadas ou mesmo inoportunas a determinado espaço-tempo. Se você possuí uma ideia e está disposto a trocá-la com dezenas de outras ideias com o único intuito de obter uma rede social formulada por ideias (a única coisa que nos separa de todos os outros animais) você jamais errará, pois irá continuar em um ciclo eterno de aprendizado e troca de posturas.
As 3 primeiras edições do Social Media São Paulo ofereceram uma oportunidade única de conhecer e descobrir as ideias que circulavam em contextos diferentes dos quais estamos muitas vezes acostumados. A ideia que cada público é único nos faz repensar todo o modelo comunicacional digital e social que até então encarávamos como verdade absoluta: não há modelos. Pode soar meio constrangedor, mas o fluxo que ideias em um evento que tem como estrutura oferecer a possibilidades das pessoas simplesmente trocarem ideias é o que faz o SMSP algo único, intangível e absolutamente especial.
Conexões não são feitas com 3G ou wifi, mas sim em bares e botecos. Sim, replicamos os modelos medievais de tabernas, onde os “ideáticos” da época se reuniam para gerar exatamente esse fluxo de informações que, séculos de distância, um pequeno evento se propôs a reafirmá-lo como eficiente e essencial para nós, meros profissionais do digital. Somos menores do que imaginados e muito maiores do que os nossos próprios sonhos podem desenhar. Aos que tinham alguma dúvida, a ideia veio para ficar.
Das tabernas escuras ao Social Media São Paulo só há uma única conexão existente: pessoas. Às pessoas, o meu muito obrigado. Às redes sociais criadas em torno dessas pessoas, o meu muito obrigado. Aos que o apontavam como ousadia e inovação, o meu muito obrigado. Aos que sempre apoiaram e deram novas ideias como combustível, o meu muito obrigado. Aos que insistem em não acreditar em modelos paralelos de pensamento e funcionamento, o meu muito obrigado, pois sem vocês não seriamos capazes de criarmos ideias.
Ao Armindo e Juliana, obrigado por terem ideias. Ao Fernando, Fernando e Geórgia, obrigado por apostarem em ideias. Ao Soma, Cestaro, Hernandez, Ceschini, Estevão e Uhuu, obrigado por compartilharem ideias. Aos blogueiros, profissionais, empresas, agencias, plateia e curiosos, obrigado por aceitarem a possibilidade de criarmos novas ideias. A todos que de alguma maneira estiveram conectados com o Social Media São Paulo, obrigado por reativarem a palavra social do termo social media.
Ao Social Media São Paulo, o meu eterno obrigado por ser mais do que uma revolução digital, mas sim uma revolução de pessoas.