Muita coisa, de fato, foi revolucionada com a chegada da chamada web 2.0. Porém muitos mitos, chavões baratos (como o próprio termo web 2.0) e mentiras começaram a ser descaradamente difundidas na rede. Com as redes sociais, então, o fato de qualquer um poder publicar o que quiser gerou uma avalanche de dados e fatos pressupostos que nunca foram, realmente, confirmados.
Um desses pontos produzidos artificialmente é que o homem não será capaz de consumir tanta informação, pois há um excesso informacional nunca antes presenciado pela sociedade humana e isso afetaria nosso modo de percepção e de convivência em um futuro próximo. Mentira!
Se há uma coisa que a história – e a ciência – ensinou foi que Charles Darwin nunca mencionou que o mais forte sempre sobrevive; ele demonstrou que o que tem mais capacidade de adaptação sobrevive. E qual é o animal que mais tem essa capacidade em toda a história? O homem.
Com isso em mãos, apenas afirmar que os jovens estão inundados em um mundo de informações impossível de ser consumido é dar um tiro no escuro. Pelo menos por enquanto, já que ao longo da evolução da civilização a humanidade demonstrou uma capacidade ímpar de contornar os problemas que iam surgindo pelo caminho. E sinceramente não vejo a abertura de opções informacionais como um problema.
A humanidade já está acostumada com invenções que criam novas sobrecargas informacionais.
Aliás, nós já vivemos diversas eras de excesso de informação. Imaginem quando o homem apenas imputava suas observações sobre o mundo e alguém, do nada, começou a falar. Com certeza o primeiro homem que falou no mundo não deve ter parado de falar tão rápido. Para quem estava acostumado a desenhar, a fala era uma avalanche de informações nunca antes imaginada.
Outra era de sobrecarga de informações que pode ser apontada foi quando todas as histórias, até então orais, passaram a ser registradas e impressas devido à invenção de Gutemberg. Imagine um personagem acostumado com os ditos populares se deparar com dezenas ou centenas de livros sendo impressos e amontoados na sua frente. Aquilo foi uma sobrecarga informacional nunca antes imaginada pelo homem. E ele parou no tempo? Pelo contrário, foi aí que houve a explosão do conhecimento humano.
Isso demonstra que a humanidade já está acostumada com novas invenções que criam novas sobrecargas informacionais. Ninguém irá morrer porque a web surgiu e possibilitou o acesso praticamente irrestrito aos registros humanos. É claro que vale ressaltar que o volume de dados da era digital em comparação com outros tempos é muito maior, mas a capacidade humana de se adaptar às suas próprias invenções sempre se demonstrou mais eficiente.
Portanto, não venham com dados e mapas coloridos apontando a internet como culpada pela falta de atenção dos jovens. Se isso existe? Possivelmente sim, já que as novas gerações nascem imersas no dinamismo. Porém, isso, em hipótese alguma, é justificativa plausível para apoiar a falta de cultura de uma geração ou a adoção de certos princípios não éticos.
A internet é uma ferramenta importantíssima sonhada por poucos homens, mas ao alcance de todos. O que você faz com ela é o que você fazia sem ela: estudo, conversas, pesquisa, crimes, compras, entre outras atividades. A internet maximizou suas ações. Culpá-la pela falta de caráter de muitos é como culpar Gutemberg por ter inventado a prensa e, com isso, ter disponibilizado o conhecimento.
Texto no iMasters.