O jornalismo tradicional imputava ideias e conceitos em uma sociedade pré-formulada e estruturalmente composta por elementos que basicamente não possuíam os mecanismos necessários para maiores questionamentos e interpretações de uma informação colocada. Nem mesmo as precárias vias da carta do leitor ofereciam uma continuidade significativa de um assunto, já que o tempo em que se levava para filtrar, censurar e editar as correspondências fazia com que um determinado tema caísse no esquecimento com as edições posteriores.

Com as redes sociais, uma notícia nunca morre. A instantaneidade com que uma informação é testada e questionada faz com que um turbilhão de colocações sobre um mesmo tema seja exibido por todos e para todos na rede, sem contar o fato de que a informação cria vida própria pós-publicação, sendo trabalhada no local original da postagem ou em grupos de discussão pela internet que “arrastam” a notícia para debates mais profundos e específicos.

Profissionalismo e participação

Um jornalista multimídia não deve deixar de observar esses pontos salientes. Se uma notícia cria ambientes próprios e desenvolve várias vertentes, o profissional de comunicação deve ficar atento para um aproveitamento do ocorrido e até mesmo procurar conduzir a discussão com a aplicação de novas doses informacionais e levar aquele fluxo produtivo de volta para o local original da publicação, conseguindo uma conversão significativa de audiência engajada.

São fatos como esse que fazem do jornalismo digital algo dinâmico e ao mesmo tempo duradouro. A rapidez com que uma informação se alastra como pólvora e a capacidade com que a internet perpetua uma discussão com públicos renováveis faz com que o jornalismo digital demonstre que seu potencial gigantesco ainda só está no início. Saber aproveitar o profissionalismo de um lado com a disposição de participação do outro fará toda a diferença para o universo da comunicação.

Texto no Observatório da Imprensa.