O dia 3 de maio é caracterizado pela comemoração mundial da liberdade de imprensa. Nesta festiva data, nada melhor do que por em reflexão alguns dos pontos mais cruciais acerca deste tema, como a própria liberdade de imprensa e, por que não, a liberdade de expressão.  

Muitos de nossos vizinhos latinos estão enfrentando verdadeiros governos totalitaristas que beiram ditaduras retrógradas e perversas. A Venezuela é o maior exemplo de todos, seguida por uma listagem que atinge vários cantos do planeta: Cuba, Bolívia, México, Irã, Coréia do Norte, China etc.  

Qual é a única semelhança entre esses países? A liberdade de expressão e, por sua vez, a liberdade de imprensa, são inexistenes ou, no mais, custam muito caro. Estamos vendo acordos políticos sendo assinados a cada dia sobre o controle da informação. Vemos manifestações que proclamam por liberdade e que são abafadas com mortes e prisões. O custo da liberdade de imprensa nesses países é caro, pois tais governantes não querem perder o controle do poder que a informação restrita oferece: manipulação ideológica e barata.  

Um cenário hipotético e partidário  

No Brasil, há centenas de discussões que retratam as diversas tentativas por parte dos governantes de açoitar um dos mais preciosos bens de nossa Constituição: a liberdade de imprensa e expressão não é passível, em hipótese alguma, de qualquer controle restritivo por parte do governo.  

Em março último, diversos profissionais e intelectuais se reuniram para debater o tema “ameaças à democracia e à liberdade de expressão”, em São Paulo. O evento (1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão) foi caracterizado pelo grande comparecimento de alguns dos veículos de maior prestígio do país, além de alguns dos nomes de maior importância sobre estudos e trabalhos que impactam as liberdades sociais.  

Para a imprensa governista, como a Revista do Brasil, publicação mantida exaustivamente e somente por anúncios publicitários governamentais, tal movimento foi uma afronta ao governo. Para tal veículo, trata-se de um encontro da velha direita conservadorista e branca.  

Nas quatro páginas em que tratou do assunto, a Revista do Brasil desclassificou a iniciativa do Instituto Millenium (organizador do evento) e traçou um cenário risonho, hipotético e partidário dos palestrantes.  

Imparcialidade e publicidade  

Os nomes conhecidos, é verdade, foram massivamente citados na reportagem: Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo, Demétrio Magnoli, Marcelo Madureira e Denis Rosenfield. Assim como seus veículos, como Jornal NacionalJornal da Globo, Globo News, EstadãoFolha e Grupo Abril. O motivo? Para a publicação partidária, trata-se de uma tentativa por parte da imprensa branca e elitizada de combater a popularidade do presidente Lula.  

Em nenhuma parte da matéria foi citado que estavam presentes Antonio Palocci, deputado Miro Teixeira e o próprio ministro das Comunicações, Hélio Costa. Quando uma publicação usa artifícios amadores para atingir a própria imprensa, só podemos concluir uma coisa: a liberdade de expressão às vezes é usada para tentar sufocar a própria liberdade de imprensa.  

Tratar de um assunto analisando somente um lado da moeda é uma maneira delinquente de reportar um assunto tão delicado. Criticar o encontro, mas não citar, em momento algum, que há veículos no Brasil, como o Estadão, que estão sob censura há mais de 200 dias, é provar do próprio veneno jornalístico que tais meios dizem combater: não existe imparcialidade. Ela varia de acordo com o orçamento publicitário que o governo investir.

Texto no Observatório da Imprensa.