Muito se fala em web 2.0, em conteúdo produzido, consumido e customizado pelos próprios internautas, os consumidores ávidos de informação. Mas se todos podem produzir, publicar, criar redes de relacionamentos, averiguar o que querem consumir e o que é descartável, uma pergunta fica ao acaso: quem controla o controle remoto?
Ao contrário do que muito se diz, as velhas mídias (as mídias tidas por tradicionais, como a televisão e o jornal impresso) jamais sumirão. Poderão, até, sofrer algumas alterações e adaptações. Uma aposta de futurologia digital muita arriscada? Talvez sim, mas em um mundo onde o número de títulos de jornais aumentou, ou em um país (o Brasil) onde mais de 90% da população é adepta ao televisor, não é tão impossível tais afirmações.
Mas a questão central não é se esses meios convencionais perderão credibilidade ou se desaparecerão. O fato é que, de viver em um mundo onde os próprios usuários produzirão todo aquele conteúdo que irão consumir, a questão “credibilidade” se torna um pouco mais complicada.
O que será válido e o que será descartável?
Atualmente, de onde tiramos nossa matéria-prima para nutrir blogs ou páginas “alternativas” de informação? Da velha mídia. E o que acontecerá quando não mais existirem as velhas mídias? Tiraremos nossas informações de outros blogs, que tiraram de outros blogs, tornando todo o processo informacional um ciclo vicioso e altamente contaminado por amadorismo?
Sim, temos a Wikipédia. Sim, ela é a maior enciclopédia que a humanidade já produziu. Sim, ela deixou para trás serviços como a Enciclopédia Britânica. Mas uma coisa nunca é dita: todo o conteúdo que está disponível na página da Wikipédia só é tido como “verdadeiro” se alguma outra página da web servir de referência, ou seja, tudo que lá é publicado tem que ter algum ponto de referência para se tornar válido, caso contrário, é desconsiderado. É o caso dos blogs que copiam blogs que copiam blogs…
Quem controla o controle remoto? Talvez não saibamos quando dar play ou stop.
Quando a humanidade começar a produzir informação em massa e a consumir toda essa informação produzida por ela mesma, o que será válido e o que será descartável? Quem dita tais posições? Nós, de novo? E quem somos nós? O profissional capacitado, professor universitário, médico respeitado, ou um garoto de 15 anos? A questão é, a princípio, complexa e extremamente extensa. Quem controla o controle remoto? Talvez não saibamos quando dar play ou stop.
Não é sobre qualidade em sentido amplo, pois seria subjetivo demais. Mas, talvez, quem sabe, entraríamos nessa discussão acerca dos curadores de conteúdo, do conteúdo em si, da mensagem que sai como A e deveria chegar com A ou como A1 e A2, não como B ou C (alteração é diferente de deturpação). Mas é possível pensar em sentido estrito, em confiabilidade, precisão, técnica.
O que você pensa a respeito? Vamos conversar?
Texto no Observatório da Imprensa.