Jornalismo de web não deve, jamais, ser confundido com jornalismo sedentário, passivo ou preguiçoso. Erroneamente a atividade jornalística que utiliza os serviços eletrônicos e digitais é caracterizada como um jornalismo feito por profissionais que não necessitam sair do escritório ou da redação.  

Tal caracterização se deve ao fato de que a imprensa ainda sofre com os impactos do chamado jornalismo cidadão, onde qualquer usuário conectado pode elaborar matérias e vídeos sobre acontecimentos que a mídia tradicional ainda não teve acesso. Por vezes, tais colaboradores, literalmente, pautam a imprensa.  

O que devia ser uma complementação para a atividade jornalística vem se tornando, ultimamente, em sua grande preocupação. O desconhecimento acerca de como evitar que um veículo de comunicação divulgue sempre posteriormente uma notícia ou, ainda, quais maneiras seriam eficazes para que os profissionais da imprensa não se baseiem em pautas furadas, fictícias ou plantadas por internautas mal intencionados, vem causando um efeito colateral significativo na maneira de como os jornalistas profissionais devem agir perante as novas mídias.  

Mídias sociais  

Nessa linha, a agência de notícias Reuters divulgou algumas normas para que seus funcionários se baseiem em relação às novas tecnologias. Entre elas, a agência coloca que seus profissionais não devem divulgar um fato através das mídias sociais sem antes produzirem a respectiva matéria para a empresa. Isso demonstra a preocupação que alguns meios de comunicação estão tento com os “furos” que os veículos tradicionais não conseguem captar.  

Outra resolução trata sobre a utilização do Twitter, onde os correspondentes devem criar perfis distintos para usarem no trabalho e na vida pessoal. A Reuters ainda salienta que os profissionais não vem expor opiniões sobre política e não podem publicar nada que envolvam pontos de vista preconceituosos, mesmo nos perfis particulares.  

O que demonstra tal “paranoia” com as mídias sociais, por exemplo, é o caso da página de relacionamentos Facebook e o jornal norte-americano The New York Times. Segundo levantamentos do Instituto Nielsen, os leitores americanos gastaram, em janeiro, 20 minutos por mês lendo a página digital do veículo, contra 12 minutos investidos em jornais locais. No caso do Facebook, foram gastos cerca de 7 horas mensais, o que evidencia um número assustador de 40 vezes mais tempo gasto em mídia social do que lendo notícias diretamente na fonte.  

Ponto central  

É passível de observação que o jornalismo digital deverá sofrer reformulações antes mesmo de se consolidar. Após a transição do impresso para a internet, sem qualquer modificação ou inovação, os conteúdos das mídias tradicionais deverão reavaliar até que ponto irão competir com as novas tecnologias e quando será a hora certa de entrarem de cabeça na utilização dessas ferramentas.  

Em vez de procurarem maneiras de resgatarem usuários do Facebook para a página do Times, ou coibir a utilização livre das mídias sociais, como fez a Reuters, o jornalismo digital – ou já podemos dizer ‘o novo jornalismo digital’ – deve analisar a implementação dessas tecnologias e utilizá-las de maneira que o portal sempre permaneça como o ponto central, mas que a notícia com qualidade produzida por grandes veículos cheguem até onde os internautas querem estar, e não onde a imprensa quer que eles estejam.  

Texto no Observatório da Imprensa.