Depois de tanto tempo acostumadas ao período de monólogos, agora as empresas estão correndo desesperadamente atrás do tempo perdido através de diálogo com seus clientes, fornecedores, colaboradores externos e internos e, principalmente, o diálogo com ela mesma.
Tão prejudicial quanto manter uma via de mão única é estabelecer uma avenida com três, quatro ou cinco faixas sem o menor planejamento, sem estruturas básicas e rascunhos pré-estabelecidos caso tudo venha a dar errado.
O monólogo, que por um longo período comandou toda a hierarquização de corporações, mercados e consumos, criou nas empresas um vício extremamente perigoso. O erro se projeta em um afobamento em aderir todos os novos canais de mídias, principalmente as redes sociais, exteriorizando uma fraqueza institucional gravíssima, que por muitas vezes deixará sequelas profundas.
Concordamos que o diálogo é essencial no digimundo empresarial de hoje, mas ao sair de um espaço-tempo-estrutura e entrar em outro contexto sem o menor pudor é colocar desnecessariamente em risco todo um trabalho de imagem institucional e comercial, seja offline ou online.
Somente aderir contas em redes sociais ou mídias sociais, às cegas, é como entrar na rodovia na contramão. A precariedade e a precocidade com que muitas empresas estão modificando suas plataformas para o modelo digital é, em grande parte, responsabilidade de grandes agências de mídia comunicacional.
Números maquiados, fantasmagóricos e sem a base necessária para a aplicação em diferentes contextos são apresentados às empresas, porém cada corporação apresenta uma realidade cultural, financeira e estrutural totalmente diferente das demais. Na época da bolha, todos falavam como sinônimo de internet a criação de páginas pessoais ou profissionais na web. Hoje associam muito a internet às temidas e clamadas mídias sociais.
Para começar: mídia social não é sinônimo de internet! Se sua empresa tem um site institucional e possui alguns canais em redes sociais, isso não significa que ela é uma empresa 2.0. Para ficar bem claro, uma empresa 2.0 se baseia muito mais em sua estrutura de pensamentos e capital humano do que os perfumes que ela usa no Twitter ou no Facebook.
Muito cuidado ao sair do monólogo para o diálogo. Muito cuidado ao abandonar o “convencional” para aderir ao “digital”. Sua empresa está tão impetuosa em falar com todos e em diversos canais que ela pode acabar falando sozinha, seja no Twitter ou no Facebook. Nem o eco consegue acompanhar.
Texto no iMasters.